terça-feira, 22 de abril de 2014

Caça às Bruxas

 A “caça às bruxas” tornou-se um fato histórico pertencente à Idade Média. Durante os séculos XV e XVI a idéia do teocentrismo – doutrina filosófica que toma Deus pelo fundamento e centro do Universo – é substituída pelo antropocentrismo – atitude ou doutrina filosófica que torna o homem o centro do Mundo, afirmando que este foi criado para ele. Essa mudança de ângulo faz com que a arte, a ciência e a filosofia desliguem-se cada vez mais da esfera que se ocupa de Deus, dos seus atributos e perfeições, gerando assim um certo desequilíbrio e a dispersão das funções e poderes da Igreja. A Igreja, no intuito de voltar a ser o centro das atenções e reaver os poderes dispersos, instituiu os “Tribunais de Inquisição”, instaurando a “caça as bruxas”, a qual perdurou por mais de quatro séculos, tendo como principal cenário a Europa. Tal fato histórico iniciou-se concretamente no ano de 1450 e durou até por volta de 1750, quando surgiu o Iluminismo. Acredita-se que cerca de 35 mil a 60 mil de pessoas foram incriminadas, julgadas e condenadas à morte, sendo a maioria do sexo feminino, abrangendo também crianças que teriam “legado este mal”  Com a elevação da Igreja Católica, o patriarcado – regime em que o chefe de família ou patriarca tinha poder absoluto em sua casa – dominou, até mesmo porque Jesus, o maior dos maiores, era homem. Neste encadeamento de idéias, tudo o que a mulher arriscava-se a fazer, por livre vontade, era considerado como imoral. As culturas pagãs – sendo consideradas pagãs todas as pessoas que não seguiam nem o cristianismo nem o judaísmo -, a veneração aos deuses e deusas tornaram-se um prenúncio de coisas más. No ano de 1320 a Igreja afirmou oficialmente que a bruxaria e a religião professada pelos pagãos significavam uma ameaça, séria intimidação ao Cristianismo, principiando-se assim, pouco a pouco, a persecução aos heréticos. A caça as bruxas ocorreu simultaneamente a grandes mudanças sociais que estavam acontecendo na Europa, que foi arrasada nesta época por várias guerras, cruzadas, pragas e revoltas dos camponeses. Havia uma busca incessante pelos culpados por esse quadro. A Igreja aproveitou-se desta situação de caos para iniciar a perseguição as bruxas, as quais eram acusadas de terem “poderes mágicos” que acarretavam problemas de saúde nas pessoas, adversidades espirituais e calamidades naturais. Não havia critérios para se denunciar uma pessoa ao Tribunal da Inquisição, qualquer um era considerado(a) suspeito(a), presos(as) até que demonstrassem por meio de provas sua inocência. A tortura era o meio utilizado para se conseguir confissões ou provas de infrações cometidas: raspavam-se os pêlos do corpo todo a procura de algum tipo de marca do diabo – desde verrugas até sardas -, furava-se a língua, praticava-se a imersão em água quente, tortura em rodas, furava-se o corpo da vítima com agulhas esperando-se encontrar alguma parte que fosse indolor – se encontrasse acusavam a pessoa de ter sido “apalpada pelo diabo” -, surras violentas eram aplicadas, estuprava-se as pessoas com objetos que cortassem, os seios eram arrancados.  O objetivo de tanta maldade era fazer com que as vítimas assinassem as confissões que eram montadas pelos inquisidores. As pessoas não tinham saída, se persistissem em manter sua inocência eram queimadas vivas, se confessavam, a morte era mais compassiva: primeiro eram esganadas e em seguida queimadas. Na Alemanha e na França eram utilizadas madeiras verdes nas fogueiras, no intuito de prolongar o sofrimento das pessoas sacrificadas; já na Itália e Espanha as bruxas eram queimadas vivas. Assumir o posto de caçador de bruxas e informante era do ponto de vista financeiro bastante rentável. Eles recebiam por cada condenação efetivada e quem os pagava era o Tribunal. Foi somente no século XVIII que a caça as bruxas terminou, e no ano de 1782 a última fogueira foi acesa, na Suíça. Isso, porém, não significou o fim do Tribunal de Inquisição para a Igreja. Ele perdurou até o século XX.infoescola.com

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