terça-feira, 22 de abril de 2014

As Bruxas de Ongayo

Igreja de Santiago Apóstolo, Ongayo. Hoje falamos de bruxas, as velhas conhecidas das histórias infantis. Mas estas bruxas eram muito viajantes, e pelo visto, velozes. São bruxas desconhecidas mas até hoje têm sua caverna preservada em uma localidade da província de Santander. As bruxas de Ongayo não possuem mais rostos, nomes ou histórias próprias, já a localidade continua sendo o lugar onde as bruxas viviam em uma caverna. Ongayo é um pueblo que pertence ao município de Suances, conhecido pelas mais belas praias de Cantábria, segundo alguns. A população não chega a 200 habitantes, e conserva um patrimônio histórico de valor, como a igreja de Santiago Apóstolo de estilo românico (foto), duas capelinhas, sendo uma de Nossa Senhora dos Remédios e outra de São Roque. A referência histórica mais antiga que se conhece do município ao qual pertence Ongayo, Suances, é dos tempos medievais. Mas já era habitada em tempos pré-históricos, como revelam os restos encontrados na tal caverna das Bruxas. Somente no século XIX, quando houve um grande interesse pela espeleologia, movendo muitos indivíduos, acadêmicos e amadores, a catalogar as cavernas existentes por toda a Cantábria, que descobriu-se – digamos que pela ciência – a existência da Cueva de las Brujas. Não houve a princípio grande interesse pela caverna, sendo que ela só volta a receber a atenção de estudiosos em fins do século XX. Somente então, as formações existentes em seu interior, as pinturas rupestres e restos fósseis mereceram estudos. Ainda não há uma definição clara de quando foram feitas as pinturas, sabendo-se apenas que são do Paleolítico Superior. Foram encontrados ossos humanos, peças de cerâmica feitas à mão e peças de silex. Fora estes restos existem vários painéis com pinturas pela caverna. Tem entrada ampla com acesso a uma área de considerável tamanho e descendente, possuindo muitas formações em suas várias galerias.Charca de Cernégula Outro local de encontro destas bruxas de Ongayo era o pueblo de Cernégula, na província de Burgos. Festejavam e banhavam-se em uma lagoa lá existente. A lagoa de Cernégula tem uns 5000 m², com uma pronfundidade máxima de cerca de 5 metros. No inverno encontra-se bem cheia, tendo o nível mais baixo no verão, mas nunca foi vista seca. Também é conhecida como Charca de las Brujas devido às lendas que afirmam ser nela que as bruxas banhavam-se depois de seus bailes. A charca é formada por águas de chuva e do degelo do inverno. No inverno as vezes apresenta uma grossa capa de gelo que permitia às crianças patinarem em sua superfície. Além desta lagoa, existem outras mais nas redondezas, sendo possivelmente pela abundância de água proporcionada por elas que surgiram 5 pueblos nas proximidades. O único que ainda permanece é Cernégula, sendo os outros meras ruínas quase imperceptíveis. As lendas que povoam a Charca de Cernégula e as redondezas, com suas bruxas, são avisos ancestrais que ainda hoje há quem respeite ao visitá-la. Cuidado ao visitar Cernégula, pois as bruxas de Ongayo podem lá estar em uma de suas festas. ____________________________________________________________________________________________ AS BRUXAS DE ONGAYOPintura de Francisco Goya, intitulada "Aquelarre" (1797-1798). Dizem que havia bruxas em Cantábria! Entre gargalhadas, soltavam o gado dos estábulos, enervavam os moradores das casas, costumavam provocar ou piorar incêndios. As grávidas deviam ter muito cuidado, pois ao menor descuido, lançavam-lhe um mau-olhado. Para evitar, deviam colocar nas casas réstias de alho ou ramos de cardos. Dizem quem crê que, durante a noite, percorriam os pueblos de Cantábria e faziam todo tipo de maldades que pudessem. Estas bruxas voadoras só tinham poder entre os mortais no período de tempo por volta da meia noite, a chamada hora da bruxa. Também julga-se que tinham poder sobre o clima, sendo capazes de provocar grandes chuvas com o sol brilhando no céu. É o chamado sol das bruxas que todo mundo já viu alguma vez na vida. Nem todas as bruxas eram más. Algumas eram curandeiras e faziam misturas de ervas para entregá-las aos doentes que confiavam nelas. Havia as que viviam nas montanhas, as quais eram respeitadas por seu grande conhecimento. Como julgava-se que fossem parentes do diabo, o povo as consultava com freqüência para beneficiarem-se de suas artes. Outras são feiticeiras, encantadoras ou adivinhas, afinal, há de tudo. As bruxas de Ongayo todo sábado à noite urinavam nas cinzas das lareiras gritando: - Sem Deus e Sem a Santa Maria, pela chaminé acima! Assim, saíam voando em um verdadeiro enxame em suas vassouras, ou transformadas em corujas. Durante séculos, em uma caravana misteriosa, uma tropa de feiticeiras e magas voavam pelos céus da tierruca rumando para lugar certo e conhecido de todos. A sabedoria popular manteve até os dias atuais na memória oral, o conhecimento da existência desta rota proibida e mágica que tinha como inicio Ongayo, e como meta Cernégula, um pueblo de Burgos. Neste local celebravam suas reuniões e ritos bruxólicos, ao redor de um espinheiro. Estas reuniões não chegavam a ser sabbats. As bruxas cantábricas untavam-se com uma mistura de ervas que lhes provocaria visões, dizem, agradáveis. Junto a estas reuniões, realizavam alegres e agitados bailes, que terminavam com um mergulho nas gélidas águas de uma lagoa local, conhecida como Charca de Cernégula. Outras eram mais afoitas, e voavam meia Espanha, amanhecendo em Sevilha, aos pés da Torre del Oro. Diz uma outra lenda local de Cernégula que por um dos pueblos que já não existem mais, passavam homens com seus animais para que bebessem nas águas das lagoas. Mas uma vez, inexplicavelmente, sumiram todos os animais. De boca em boca, correu a história de que foram as bruxas que chegavam de Cantábria que fizeram desaparecer os animais. Quando retornavam de suas reuniões em Cernégula, formavam uma espécie de conclave, no qual exigia-se que todas as bruxas relatassem as maldades que cometeram durante a semana. E assim seguiam suas vidas maléficas, celebrando seus sabbats em Ongayo, festejando em Cernégula mergulhando em sua lagoa, ou chegando a Sevilha, sabe-se lá para que maldades.  “De la cueva de Ongayo salió una bruja con la greña caída y otra brujuca. Al llegar a Cernégula ¡válgame el Cielo! un diablo cornudo bailó con ellas. Por el Redentor, por Santa María, con el rabo ardiendo ¡cómo bailarían…!”. Fonte:imaginacaoativa.wordpress.com

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